Os métodos para chamar a atenção ao consumo no espaço urbano são proporcionais a cada sociedade de cada tempo. Civilizações como a grega e a romana, por exemplo, faziam uso de carvão, pedra e outros materiais elementares na produção de pequenos painéis para auxiliar na comercialização de vinho e grãos.
No Brasil colônia, em Salvador, por volta da metade do século XVII, o badalar do sino da Câmara Municipal era um sinal para a população local tomar ciência de comunicados, portarias e acontecimentos relevantes.
Na “Vila de São Paulo do Piratininga” — a atual São Paulo —, a indicação das casas que vendiam vinho em fins do século XVI e início do século XVII era feita pelo ramo verde colocado na porta.
Insights para a comunicação visual
Os anúncios indicativos criam uma espécie de reputação instantânea podendo transmitir inovação, aconchego, seriedade etc. Poderíamos dizer que eles “emprestam sua energia” ao estabelecimento comercial ajudando na identificação do ponto de venda ou serviços.
Pensar a comunicação visual, em si, é o que, geralmente, as empresas do segmento focalizam, contudo, existem outras situações complementares ligadas ao contexto em que a comunicação visual se insere que, quando bem trabalhadas, podem trazer excelentes resultados ao estabelecimento.
Assim, elencamos algumas dessas situações que o empresário do ramo de comunicação visual/sign pode considerar em suas propostas. Esses insights são fruto de nossos aprendizados no ramo de consultoria para regularização de publicidade para redes comerciais e na construção de legislação para ordenação da paisagem urbana.
1. Pintura
Uma das situações básicas compreende considerar as características da pintura da fachada ou o acabamento do concreto. Geralmente, a fachada do imóvel é muito maior que o anúncio e a escolha da cor ou acabamento pode reforçar o alinhamento com a marca.
Os 2 exemplos que fotografamos esses dias no centro de São Paulo demonstram bem isso: o “vermelho Drogasil” e o “amarelo Pernambucanas”. Perceba e compare o tamanho do painel em relação à fachada do estabelecimento (Fotos 1 e 2).
2. Grafitti
Ao contrário da pintura homogênea, o grafitti vem sendo utilizado como elemento estético de impacto visual cujo desenho pode ser concebido para se relacionar com aspectos da atividade (Foto 3 e 4).
3. Iluminação
Com a promulgação de legislações mais restritivas para a publicidade, uma alternativa interessante compreende a utilização de elementos lumínicos diferenciados tais como holofotes em pontos estratégicos do imóvel (não relacionados com a comunicação visual em si). A iluminação pode ressaltar relevos e aspectos arquitetônicos que não são tão evidentes durante o dia. É uma estratégia que pode ser combinada com os elementos estruturais existentes e dialogar com a comunicação visual (Foto 5 e 6).
4. Arquitetura histórica: “Quando o menos é mais”!
As cidades são o espaço onde vivem mais do que 70% da população brasileira. Em seus centros comerciais, nós geralmente podemos encontrar elementos característicos de outros tempos expressos no desenho urbano e na arquitetura. Existe grande importância em preservar esses elementos urbanos como forma de transmitir para as próximas gerações as informações sobre a formação de nossa sociedade.
É comum encontrarmos restrições para o recobrimento de fachadas, especialmente aquelas desse tipo nos códigos de obras ou nas leis de ordenamento da publicidade. Nesse tipo de situação, é conveniente considerar a utilização de painéis menores que se integrem com a arquitetura. Uma boa estratégia compreende utilizar referencias estéticas de outras épocas. Além disso, reformas ou melhoramentos que não alterem a estética da fachada podem colaborar bastante também (Fotos 7, 8, 9 e 10).
Temos hoje, no país, mais de 5.500 municípios com mais de 2,4 milhões de estabelecimentos comerciais que, por sua vez, respondem por cerca da metade do PIB nacional e por mais de 70% dos empregos brasileiros. Esses vigorosos indicadores indicam um mercado gigante para a produção de todo tipo de equipamentos para chamar a atenção, afinal, não usamos mais ramos nas portas do comércio (Figura 1).
Sergio Rizo é Geógrafo, Professor Doutor e Diretor da RS Projetos e da RS Educação. É pesquisador sobre temas ligados à dinâmica da Publicidade e às formas de expressão sociocultural no espaço urbano. Instagram: @midiageografica / Linkedin: Sergio Rizo / Mais informações e publicações: https://about.me/sergiorizo
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